quinta-feira, 1 de maio de 2008

Piloto da Semana: Ayrton Senna

Foto tirada no Flickr por: antsphoto

Hoje faz 14 anos que o brasileiro Ayrton Senna faleceu após o acidente no Grande Prêmio de San Marino. Em 10 anos na Fórmula 1, Senna participou de 161 grandes prêmios, obtendo 65 pole positions, 41 vitórias, 19 melhores voltas e 3 títulos mundiais.

Após testes pela Williams em 1983, Ayrton Senna conseguiu chegar a categoria pela equipe Toleman. Na África do Sul, Senna obteve seus primeiros pontos após chegar na 6ª colocação. Em Mônaco, o piloto brasileiro largou em 13º e fez a corrida que o consagrou para o circo da fórmula 1, após ultrapassar vários oponentes. Terminou em 2º lugar e não venceu a corrida porque a direção da prova interrompeu a competição na 31ª volta, quando Senna estava perto de Alain Prost, o vencedor da corrida. Com mais dois pódios (Inglaterra e Portugal), assinou contrato com a Lotus para 1985.

Em 1985, o brasileiro conseguiu as primeiras poles e a primeira vitória logo na segunda etapa, disputada sob chuva em Portugal. Senna envolveu-se em algumas polêmicas durante o ano, em Mônaco, atrapalhou Niki Lauda, Nigel Mansell e Michele Alboreto, quando tentavam melhorar o tempo de classificação, e também com seu companheiro de equipe Elio de Angelis, na África do Sul, quando os dois quase chegaram às vias de fato. O piloto italiano, com 6 anos de Lotus, deixou a equipe no final da temporada e foi para a Brabham, onde faleceu no anos seguinte, após um acidente durante treinos particulares no circuito de Paul Ricard, na França.

Com a transferência de Keke Rosberg para a McLaren, Nelson Piquet foi para a Williams, correr ao lado de Nigel Mansell. Na Lotus, Johnny Dumfries foi o substituto de Elio de Angelis. A temporada de 1986 foi uma das mais emocionantes da história da Fórmula 1, desde o início do campeonato 4 pilotos apareceram com grandes chances de conquistar o título. Alain Prost, na McLaren, Ayrton Senna, com a Lotus, e a dupla da Williams, Nigel Mansell e Nelson Piquet. Nos treinos, a potência do motor Renault da Lotus levava vantagem, mas Senna não conseguia repetir o mesmo desempenho na corrida, devido ao alto consumo de combustível do seu carro. A equipe Williams construiu o melhor carro para a temporada, mas as disputas internas envolvendo Mansell e Piquet foram decisivas para a conquista de Alain Prost, que tinha todo apoio dentro da McLaren. O lance mais comentado até os dias atuais, foi a grande ultrapassagem de Piquet sobre Senna na Hungria, quando o piloto da Williams passou por fora e conseguiu manter o controle do carro.


Para 1987, a Lotus recebeu os motores japoneses da Honda e o piloto japonês Satoru Nakajima. Outra novidade na equipe de Senna foi o uso da suspensão ativa. Com 2 vitórias (Mônaco e Detroit) e o segundo lugar em San Marino, Senna chegou à França, 6ª etapa da temporada, como líder do campeonato. A partir do Grande Prêmio da Inglaterra, a Lotus começou a perder rendimento, e Senna conseguia alguns segundos e terceiros lugares. O campeonato foi dominado pela Williams, que mesmo com a rivalidade entre Mansell e Piquet, levou o título de pilotos e construtores. Nelson Piquet, com apenas 3 vitórias contra 6 de Nigel Mansell, ficou com o terceiro título, já que manteve um desempenho regular durante o ano. A McLaren começou bem a competição, mas também não foi páreo para a Williams. Mesmo campeã, a Williams perdeu os motores Honda para a McLaren, que contratou Ayrton Senna. A Ferrari mostrou força nas duas últimas corridas do ano, levando o austríaco Gerhard Berger a duas vitórias a bordo dos carros de Maranello.
Depois de três temporadas pela Lotus, Senna transferiu para a McLaren em 1988. Correndo ao lado do francês Alain Prost, o brasileiro teve pela primeira vez na carreira um carro capaz de torná-lo campeão. Equipada com os motores da Honda, a McLaren dominou facilmente o campeonato, sendo pole e ganhando 15 das 16 corridas no ano. Apenas Gerhard Berger, da Ferrari, pole na Inglaterra e vencedor em Monza, na Itália, impediu o domínio absoluto da dupla Senna-Prost. Mesmo marcando 11 pontos a menos que Prost, Senna sagrou-se campeão, já que os pilotos contavam apenas com os 11 melhores resultados, vencendo 8 corridas contra 7 do francês. No mundial de construtores, a McLaren com 199 pontos, somou mais pontos que todas as outras equipes juntas.


Em 1989, Ayrton Senna foi o piloto mais rápido da temporada, marcando 13 pole positions e vencendo 6 vezes, mas Alain Prost, com apenas 4 vitórias, levou o título com 16 pontos de vantagem sobre o brasileiro, contando os descartes. Desde o Grande Prêmio de San Marino, quando Prost alegou que Senna tinha descumprido um acordo entre ambos, começaram uma briga também nos bastidores, iniciando um dos maiores casos de rivalidade na categoria. O ponto alto dessa briga aconteceu no Japão, quando o brasileiro precisava vencer para chegar a Austrália com chances de conquistar o título, mas o francês fechou Senna na chincane que antecede a reta dos boxes. Alain Prost abandonou a corrida e Senna após trocar o bico de seu carro, voltou a pista e passou Alessandro Nannini, da Benetton, para vencer a corrida. Mas Jean Marie Balestre, presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) na época, alegou que Senna havia cortado caminho e ajudado pelos fiscais. Assim, Nannini venceu sua única corrida na Fórmula 1, e Prost conquistou o terceiro dos seus quatro títulos na categoria. Em 1996, 2 anos após a morte de Senna, Balestre admitiu que agiu em benefício de seu compatriota Alain Prost.



A temporada de 1990 começou com várias mudanças no mercado dos pilotos. O campeão de 1989, Alain Prost, deixou a McLaren para correr na Ferrari, Gerhard Berger, fez o caminho inverso, foi para a escuderia inglesa competir ao lado de Ayrton Senna. Nelson Piquet deixou a Lotus e foi para a Benetton. Das 4 principais equipes, apenas a Williams manteve sua dupla de pilotos, Riccardo Patrese e Thierry Boutsen. As trocas surtiram efeito imediato, já que a McLaren havia dominado nas duas temporadas anteriores. A Ferrari mostrou-se muito mais competitiva, ganhando 6 corridas no ano, 5 com Prost e 1 com Nigel Mansell, em Portugal, quando o inglês fechou o francês na largada, manobra que fez Prost reclamar publicamente após a corrida. Ayrton Senna, com 6 vitórias e uma campanha regular, chegou ao Japão com 9 pontos de vantagem sobre Prost. E a decisão do título foi tão polêmica quanto no ano anterior, mas desta vez o brasileiro bateu no carro do piloto francês, dando a Senna o 2º título na Fórmula 1. Nelson Piquet, depois de 3 anos, voltou a vencer corridas, a bordo da Benetton. Com as vitórias no Japão e Austrália, as duas últimas corridas, garantiu a 3ª colocação no mundial de pilotos, e para a Benetton, o 3º lugar no campeonato de equipes. Após 14 corridas na Eurobrun, Roberto Moreno conseguiu disputar as duas últimas etapas do ano pela Benetton, substituindo Alessandro Nannini, que sofreu um acidente de helicóptero. O piloto italiano não retornou a Fórmula 1 após o incidente.


Em 1991, a campeã McLaren manteve Senna e Berger. Na Ferrari, Jean Alesi substituiu Nigel Mansell que voltou à Williams no lugar de Thierry Boutsen, que foi para a Ligier. A Benetton manteve até o Grande Prêmio da Bélgica Nelson Piquet e Roberto Moreno, quando Michael Schumacher substituiu Moreno na equipe. Além de Schumacher, outro futuro campeão estreou na categoria, o finlandês Mika Hakkinen competiu pela Lotus até o final de 1992, quando transferiu-se para a McLaren. Ayrton Senna começou muito bem o campeonato, marcando a pole e vencendo as quatro primeiras corridas do ano. A partir do Canadá, a Williams mostrou que tinha o melhor equipamento do ano, não vencendo a corrida graças a um erro de Mansell, que na última volta cometeu o erro de desligar o carro, assim, Nelson Piquet venceu sua última corrida pela Fórmula 1. A partir do México, Patrese e Mansell iniciaram uma grande recuperação, interrompida por duas vitórias de Senna na Hungria e na Bélgica. Em Portugal, um erro dos mecânicos da Williams nos boxes tiraram uma vitória praticamente certa de Mansell, quando um dos pneus do carro do inglês caiu e os mecânicos recolocaram outro no corredor dos pits. Na Espanha, apesar da pole de Berger, Mansell ganhou a corrida e chegou, mantendo chances de chegar ao primeiro título. No Japão, a tática de Senna e Berger deu certo. O austríaco largou na pole e abriu uma boa diferença nas primeiras voltas, enquanto Senna segurou Mansell até a 9ª volta, quando o inglês perdeu o controle do carro e saiu da pista, abandonando a corrida. Senna passou Berger durante a corrida, e, na última volta, devolveu a liderança ao companheiro de equipe. A temporada encerrou na Austrália, debaixo de muita chuva. Sem condições de continuar, a corrida terminou com 14 voltas, com a vitória de Senna. Nelson Piquet despediu-se da Fórmula 1 com um quarto lugar.


A temporada de 1992 ficou marcada pelo início da era da eletrônica, com destaque para a suspensão ativa e o controle de tração. A Williams, com melhor desenvolvimento dessas ferramentas, dominou facilmente o campeonato, dando a Nigel Mansell e Riccardo Patrese o carro que Senna classificou de outro planeta. Mansell ganhou com folga, 52 pontos de vantagem sobre Patrese, o vice campeão. Senna com 3 vitórias, teve diversos problemas durante o ano, principalmente a falta de durabilidade de seu McLaren. Michael Schumacher venceu sua primeira corrida na carreira, no instável Grande Prêmio da Bélgica, após aproveitar-se bem das constantes mudanças climáticas, já que chovia durante alguns períodos da corrida. A principal vitória de Senna no ano foi em Mônaco. Com um pneu furado, Mansell teve que ir aos boxes quando liderava com folga, voltando atrás do brasileiro, que conseguiu segurar o inglês nas voltas finais.


Com a contratação de Prost e o veto a Senna, a Williams disputou o campeonato de 1993 com Alain Prost e Damon Hill. Mansell foi correr nos Estados Unidos, e Patrese foi para a Benetton, correr ao lado de Michael Schumacher. Para Senna, restou ficar mais um ano na McLaren, que contou com o norte-americano Michael Andretti até o Grande Prêmio da Itália. Nas três últimas corridas, Senna correu ao lado de Mika Hakkinen, que largou na frente do brasileiro logo em sua corrida de estréia no time inglês. Com Jean Alesi e Gerhard Berger, a Ferrari repetiu o fraco rendimento de 1992, terminando atrás de Williams, McLaren e Benetton, passando as equipes Ligier e Lotus apenas nas etapas finais. Alain Prost não teve muitos problemas para garantir seu quarto título, com o 2º lugar em Portugal, mas Ayrton Senna e Michael Schumacher deram show durante o ano. No Brasil, Senna garantiu a vitória quando começou a chover e Prost saiu da pista, batendo na Minardi de Christian Fittipaldi. Em Donington, após cair para 5º na largada, Senna ultrapassou Michael Schumacher, Karl Wendlinger, Damon Hill e Alain Prost apenas na primeira volta, e ganhou com sobras a corrida, quase 1 volta a frente do segundo colocado. Em Mônaco, Senna contou com a sorte. Largando em 3º lugar, contou com um erro de Prost, que queimou a largada e caiu para as últimas posições quando foi punido, e, com a quebra de Schumacher, seguiu rumo a quinta vitória consecutiva no Principado de Mônaco. A partir do Canadá, Alain Prost seguiu firme rumo ao título, aproveitando-se da superioridade técnica de seu equipamento. Ayrton Senna garantiu o vice campeonato com duas vitórias nas etapas finais, no Japão e na Austrália, a última vitória do brasileiro na categoria. Alain Prost e Riccardo Patrese deixaram a Fórmula 1 no fim do ano, e o pódio na Austrália ficou marcado pela reconciliação entre Senna e Prost, que estavam brigados desde 1989.


Com a aposentadoria de Alain Prost, Senna teve seu caminho livre para ingressar na Williams. Mas a temporada de 1994 começou com a proibição dos dispositivos eletrônicos, o que atrapalhou bastante o desenvolvimento da Williams. A Benetton construiu um carro competitivo e desde o início, mostrou-se como o principal adversário de Senna no campeonato. A McLaren, sem Ayrton Senna, disputou o campeonato com o inglês Martin Brundle e o finlandês Mika Hakkinen. A Ferrari manteve Jean Alesi e Gerhard Berger. No Grande Prêmio do Brasil, etapa de abertura, Senna fez a pole position, mas liderou até a primeira troca de pneus, quando perdeu a liderança para Michael Schumacher, o vencedor da corrida. O brasileiro abandonou quando rodou e saiu da pista. No Pacífico, Senna saiu novamente na pole, e ficou na primeira curva, após tocar-se com Mika Hakkinen e ser atingido pela Ferrari de Nicola Larini, que substituiu Jean Alesi na segunda e terceira etapa do campeonato. Michael Schumacher estava na liderança com 20 pontos contra nenhum ponto de Ayrton Senna. Em San Marino, o brasileiro precisava da recuperação. Este foi sem dúvida, um dos finais-de-semana mais trágicos da história da Fórmula 1. Rubens Barrichello ficou de fora ao bater e fraturar o braço nos treinos de sexta-feira. No sábado, o austríaco Roland Ratzenberger morreu ao bater forte na curva Villeneuve. Ayrton Senna, assustado com a falta de segurança, alinhou para o grid mesmo contra a própria vontade. Durante os preparativos para a corrida, o brasileiro estava muito tenso por causa dos acontecimentos com Barrichello e Ratzenberger. Na largada, J. J. Lehto, da Benetton, ficou parado e foi atingido pela Lotus de Pedro Lamy, um dos pneus voou nas arquibancadas ferindo alguns torcedores. Após o reinício da corrida, Ayrton Senna liderava quando a barra de direção de seu Williams quebrou, batendo violentamente contra o muro. A morte do brasileiro foi anunciada horas da corrida. O clima de comoção foi geral, muitas pessoas deixaram de assistir corridas de Fórmula 1 depois desse dia. Foi o fim de uma das carreiras mais brilhantes do esporte mundial. Sem Senna, a Williams demorou para recuperar-se no campeonato, mas Damon Hill perdeu para Michael Schumacher por apenas 1 ponto, após uma manobra polêmica do piloto alemão na Austrália. Para o lugar de Senna, a Williams chamou David Coulthard, que foi substituído por Nigel Mansell na França e nas três últimas corridas do ano.

A carreira de Ayrton Senna na Fórmula 1:
1984: Toleman Hart, 9º lugar com 13 pontos;
1985: Lotus Renault, 4º lugar com 38 pontos;
1986: Lotus Renault: 4º lugar com 55 pontos;
1987: Lotus Honda, 3º Lugar com 57 pontos;
1988: McLaren Honda, campeão com 90 pontos;
1989: McLaren Honda, vice-campeão com 60 pontos;
1990: McLaren Honda, campeão com 78 pontos;
1991: McLaren Honda, campeão com 96 pontos;
1992: McLaren Honda, 4º lugar com 50 pontos;
1993: McLaren Ford. vice-campeão com 73 pontos;
1994: Williams Renault, nenhum ponto;

Nenhum comentário: